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Cortes de falsos podcasts viram alvo de polêmica

Atualizado: 17 de ago. de 2022





A cena virou clássica nos anos pandêmicos: fones e microfones, a TV ao fundo com o logotipo do podcast e, quase sempre, uma cortina escura como cenário. São os famosos mesacasts, podcasts em vídeos (ou videocasts) gravados ao redor da mesa como se fosse uma conversa de bar. O modelo lançado nos Estados Unidos pelo apresentado Joe Rogan, caiu no gosto popular no Brasil pelas mãos de Ygor 3 k e Monark pelo Flow Podcast. De lá pra cá, parece que passou uma eternidade. Monark não faz mais parte do Flow, o que parecia impossível, mas o modelo continua a atrair cada vez mais adeptos. O PodPah é outro podcast no mesmo estilo que arrebata milhões de seguidores . No lado das mulheres, temos o PodDelas e PodCats, por exemplo,


As pessoas passaram a cobiçar este momento: de serem chamadas para um entrevista em um desses podcasts. Depois, passaram a querer copiar o modelo, afinal, se não sou convidado, posso criar meu próprio Flow (falo neste texto sobre o tema).


Como a maior parte desses podcasts é ao vivo, foram criados os cortes (ou nuggets) para destacar os principais momentos e falas do podcast, modelo adotado também pelos podcasts gravados. São pequenas pílulas em que um dos entrevistados aparece com uma fala impactante. O modelo serve como forma de divulgação do podcast e acabou por se revelar como uma excelente ferramenta de engajamento. A maior parte dos podcats tem canais específicos para cortes.


Tik Tok e Reels popularizaram os cortes (ou nuggets)


O Tik Tok abraçou esse tipo de conteúdo e virou um nicho para se explorar os nuggets. Foi aí que surgiu o fenômeno que gerou polêmica nesta semana a partir da postagem do jornalista e escritor, Chico Felitti, autor do famoso podcast narrativo (podcast raiz, em áudio) "A mulher da Casa Abandonada". Felitti dizia estar "obcecado pela galera que se filma falando sério na frente de um microfone para postar no Instagram e fingir que foi convidado de um podcast de entrevista".


Pois agora não seria mais preciso ter o seu próprio podcasts, ou ficar esperando ser convidado de um; você poderia explorar os cortes, gravando a si mesmo em estúdio como se estivesse sendo entrevistado por alguém, Por quem? Vai saber, as pessoas parecem não estar muito interessadas de tão obcecadas pelo conteúdo fast food. É uma boa ideia? Não, E eu explico por qual motivo.


Falta de autenticidade irrita audiência

Eu, afinal, tenho estúdio de podcast e nunca recebi nenhuma demanda assim. Se eu recebesse, iria convencer a pessoa a ter um podcast real, ajudá-la na construção deste podcast com temas de relevância dentro da área em que essa pessoa atua. Já gravei, por exemplo, duas amigas que resolveram se entrevistar para ter os cortes. Mas as convenci a ter o podcast completo também. Elas não sabiam o que perguntar uma para a outra. Fiz uma reunião com elas para puxar a história de cada uma e criar um roteiro. Ficou muito bacana e real. E existe um podcast completo que as pessoas podem assistir; Esporádico, mas ele existe. E os cortes partem de algo maior e mais completo. Com um storyttelling: começo, meio e fim.


Vivemos em um momento em que as pessoas valorizam transparência, verdade e autenticidade. Um levantamento realizado pelo Advertising Stardards Authorithy of Ireland em outubro de 2020, mostrou que mais da metade dos consumidores irlandeses estavam preocupados com a falta de transparência e 59% classificaram a falta de autenticidade de um influenciador como irritante. Fazer de conta que está em um podcast quando não se está se classifica em falta de transparência. E a julgar as reações ao post de Chico Felitti, muitas pessoas por essas bandas também consideram irritantes influenciadores, ou pseudo-influenciadores, sem autenticidade, sem verdade, irritantes. A transparência na influência também foi apontada como uma exigência da audiência estudo da Edelman. E, sim, fingir que se está em uma entrevista quando não se está pode ser classificado como sem transparência.


Cortes? Só se forem de um podcast real


E se alguém chega ao meu estúdio querendo gravar sem um interlocutor, o que é bem raro, minha orientação é que a pessoa olhe para a câmera. Assim como eu, quando gravo sozinha no meu estúdio, faço desta forma, porque acho essencial, e aprendi desde cedo no jornalismo que é assim, falar com a minha audiência "olhando nos olhos dela" nem que seja pela tela. Se estou entrevistando alguém, é diferente, vou olhar para a pessoa. Sempre olhamos para quem estamos conversando. Isso é educação. Cortes só têm logica se realmente forem cortes. Ser real faz toda a diferença na comunicação, ser autêntico, contar uma história de uma forma que faça sentido, no formato que faça sentido. Se você faz questão de cortes de podcast, crie o seu podcast. Procure profissionais que possam te ajudar nessa construção, que possam construir junto a sua marca pessoal. Cortes só tem lógica se partirem de um podcast real.


Falei também sobre o tema neste vídeo abaixo:




Imagem: Donald Tong



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